terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A ESCANDINÁVIA NÃO É AQUI


Fale a verdade, meu amigo, o que você acharia de viver em um país com altíssimo nível de serviços em educação e saúde? E se tudo isso fosse oferecido gratuitamente pelo Estado? Estou me referindo a um modelo semelhante ao existente nos países do norte da Europa como Suécia, Finlândia, Noruega etc.

Eu digo a vocês, acho que não existe modelo sócio-econômico melhor que esse. Imagine o que é você não ter a preocupação de saber se vai ter dinheiro para custear seu plano de saúde na velhice. Ou não se preocupar com a educação de seus filhos. Eu sei que Friedman, Hayek e outros grandes pensadores liberais disseram que o modelo de bem estar social era opressivo e uma intromissão na vida das pessoas. Pois eu digo, danem-se todos os liberais, neoliberais ou ultra-liberais desse planeta. Eu sou um social-democrata e tudo que gostaria na minha vida era de um governo opressivo e que não respeita as liberdades de escolha como o sueco, finlandês ou norueguês.


ESCANDINÁVIA: educação e saúde de alto nível, exemplo de eficiência do setor público.

Contudo, não vou entrar nessa discussão liberalismo versus social-democracia porque acho que no Brasil nós estamos anos luz atrás dessa questão. Aqui a discussão não é o que é mais justo ou eficiente, o governo cobrar muitos impostos e oferecer muitos serviços ou o governo cobrar menos impostos e a população arcar com essa despesa. O problema brasileiro não é de ordem ideológica, é de ordem moral. Se alguém disser que o governo brasileiro gasta bem os recursos públicos, provavelmente esteve ausente desse planeta nos últimos anos.

Vamos analisar alguns números bem simples. A carga tributária brasileira está em torno de 34% do PIB. Um percentual abaixo dos padrões escandinavos, mas bastante elevado para um país em desenvolvimento. Com tanto recurso à sua disposição, o setor público brasileiro deveria estar entre os mais eficientes do mundo, correto? Na verdade, não é bem assim. De acordo com o World Economic Fórum 2010-11, o setor púbico brasileiro ficou na posição 124 entre 139 países pesquisados e ranqueados. Para mais detalhes sobre esse assunto, leia a matéria do Prof. Delfim Netto, cujo link está no final desse post.

Por que o setor público brasileiro é tão ineficiente? Vamos  analisar um caso. Recentemente, parlamentares brasileiros concederam a si próprios um aumento de 62% em seus salários, o que fez com que nossos congressistas passassem a ter rendimentos superiores a parlamentares dos EUA, Reino Unido, França, Japão etc. Se analisarmos o quanto um congressista brasileiro recebe em relação à renda per capita, aí então somos campeões absolutos. Enquanto em alguns países um congressista recebe menos de três vezes a renda média do país, no Brasil esse valor é quase 20 vezes maior. Agora pense comigo. Projetos de lei sobre assuntos cruciais para a sociedade brasileira como pesquisas com células tronco, por exemplo, ficam trancados por tempo indeterminado enquanto uma medida dessa natureza é aprovada à toque de caixa. Bem, reflita e tire suas conclusões. Sobre esse assunto e outros mais que vou abordar mais à frente também disponibilizei alguns links para quem quiser ler mais sobre o tema.

TIRIRICA: o Brasil tem os parlamentares mais bem pagos do mundo.

Vejamos mais um caso. Entre março de 2002 e novembro de 2010, a renda dos servidores públicos cresceu 31% acima da inflação. Alguns cargos da administração pública têm salários próximos a 20 mil reais. A pergunta que todos nós brasileiros deveríamos fazer é se isso é eficiente do ponto de vista econômico. Ou seja, esse dinheiro está sendo bem aplicado? Se o governo não tivesse concedido esse aumento, será que não haveria pessoas competentes dispostas a assumir essas funções? Vamos supor um cargo com salário de 18 mil reais. Será que não há gente suficientemente capacitada para exercer essa função por um salário inferior, digamos de nove mil reais? Em outras palavras. Com um salário de nove mil seria possível contratar dois funcionários em vez de um.

Mais um caso. A máquina pública federal possui aproximadamente 1.300 cargos de confiança. Esse número por si só já é um absurdo. Em países desenvolvidos o número de cargos de confiança é infinitamente inferior. Esse pessoal que ocupa cargo público por indicação, sem ter prestado concurso, tem salários que chegam a superar 20 mil reais e aproximadamente 43% dessa turma é filiada a sindicados. Ou seja, não foram recrutados por sua capacidade técnica, mas por suas afinidades político-partidárias. Ou alguém aqui acredita em Papai Noel?

Se tudo isso não fosse suficiente, o governo brasileiro está estudando criar uma estatal para fornecer internet de banda larga e de boa qualidade a custos baixos. Todos nós sabemos que no Brasil o serviço de internet é lento e caro. Mas será o caso de se criar uma estatal para resolver esse problema? Será que o alto custo do serviço não tem relação com os impostos que o governo cobra do setor? E se em vez de criar um estatal ou ressuscitar a quase extinta Telebrás, o governo reduzisse impostos sobre o serviço e estudasse as leis que regulamentam o setor para torná-lo mais eficiente?

Convém lembrar que o Brasil só conseguir expandir e democratizar a telefonia fixa e móvel após as privatizações das tele-estatais. Não é no mínimo estranho que para resolver um outro problema de telecomunicações tenha de se fazer o caminho oposto?

Bem, mas se o governo cria uma nova empresa são mais cargos políticos para empregar companheiros. Mais licitações serão feitas e empresas de consultoria podem cobrar “taxa de sucesso”. E se a estatal der prejuízo, não há problema, o governo cobre o rombo e está tudo resolvido.


Classe C: muita empolgação na hora de consumir, nem tanto na hora de se informar.

Meu caro leitor, tudo isso que eu estou relatando aqui são conclusões muito simples de uma pessoa que mal teve tempo para ler jornal nos últimos meses. Quase todas essas notícias foram manchete de jornal. Mas parece que o povo brasileiro não está muito inteirado desse assunto. Faça você mesmo uma enquete. Pergunte a seus amigos, parentes ou colegas de trabalho sobre esses assuntos e depois tire suas conclusões. O governo faz a festa com o dinheiro do contribuinte e esse não está muito preocupado, como se o dinheiro não lhe pertencesse. Se a nova classe C, que foi com tanta empolgação ao setor de eletrônicos dos hipermercados, tivesse dedicado um pouco da sua energia para ler jornais, talvez nós estivéssemos um pouquinho mais no rumo da Escandinávia. Mas o negócio é comprar uma TV LCD e assistir futebol, novela e a próxima edição do Big Brother. Ler jornal é muito chato. Deixem os políticos fazerem bom uso do nosso dinheiro. Eles são altamente confiáveis. Alguém tem dúvida disso?

Referências:
 
Sobre a eficiência do setor público:


Sobre o aumento de salário dos congressistas:


Sobre o aumento de salários dos servidores públicos:


Sobre cargos de confiança ocupados por sindicalistas:



domingo, 19 de dezembro de 2010

MARXISMO CULTURAL


Sinceramente, eu não queria ter de voltar ao assunto Marx. Eu nem me lembro mais em que lugar da minha estante guardei meus livros marxistas. Para mim, este é um assunto superado. Falar mal de Marx é o mesmo que chutar cachorro morto. Qual a graça? Mas a questão é que, por incrível que pareça, ainda há muita gente inteligente que acredita em Marx. E, mais incrível ainda, há também gente que crê numa espécie de conspiração marxista para dominar o mundo. Então, acho que ainda vale a pena falar desse assunto.

Você já ouviu falar de marxismo cultural? Bem, se você tiver interesse, dê uma olhada no vídeo abaixo do Padre Paulo Ricardo. Você irá entender por que, tantos anos após a morte de Marx, alguns conservadores ainda têm tanto medo de suas ideias.





Para quem não tiver paciência para ver a série de oito vídeos do YouTube sobre esse assunto, segue aqui uma ultra resumida síntese.

Em um dado momento da história, alguns comunistas se indagaram o seguinte: por que as profecias de Marx não estão se realizando? Por que os trabalhadores não fazem logo uma revolução e põem abaixo o capitalismo? Isso não ocorre porque a sociedade ocidental moderna está assentada sobre valores burgueses, que são em última análise valores cristãos. Portanto, para fazer a revolução acontecer de fato é necessário destruir os alicerces que dão sustentação ao capitalismo, ou seja, os valores burgueses ou cristãos.

Portanto, divórcio, legalização do aborto, legalização das drogas, casamento gay e outras bizarrices mais são fruto de um plano engendrado por comunistas que querem dominar o mundo. O objetivo é destruir todos os valores burgueses e com isso abrir caminho para a revolução. Eu, particularmente, acho isso incrível. Como o ser o humano tem a capacidade de inventar e acreditar em fantasias esdrúxulas.

Vamos aos fatos. A maior parte dos intelectuais do mundo inteiro, para poder participar desse seleto clube, tem carteirinha de ateu convicto. Se você for agnóstico, talvez até seja aceito. Mas católicos e evangélicos estão definitivamente fora.

Se você não tem religião e possui uma razoável capacidade cognitiva, vai achar que divórcio, legalização do aborto, legalização das drogas e casamento gay, entre outros temas, não são coisas assim tão bizarras. Muito pelo contrário, são questões bastante razoáveis. Isso tudo tem a ver com a expansão das liberdades individuais. Esse é o pensamento predominante no círculo das pessoas ditas inteligentes, modernas, descoladas, intelectualizadas e, logicamente, ateias.


CRUZ QUEBRADA: símbolo da paz ou heresia?

Muitos intelectuais também não gostam do capitalismo. Entendem que esse é um sistema econômico injusto, baseado na exploração e aquela história toda que você está careca de saber. Quem critica o capitalismo não está totalmente errado. O problema é achar que a solução para os problemas sociais está no coletivismo estatal marxista. Isso é grave. A conclusão final é a seguinte, se você é ateu e não gosta do capitalismo, basta um empurrãozinho para se converter em um marxista de carteirinha.

Eu, particularmente, acho que o marxismo se assemelha a uma droga pesada, como a cocaína, por exemplo. Num primeiro momento, pode causar uma certa exaltação mental. Mas se você for fundo, meu caro, isso vai produzir um belo estrago nos seus neurônios.

Lamentavelmente, o mundo está repleto de intelectuais com neurônios estragados. A cura para isso? Bem, se você está nessa situação, eu recomendo o seguinte remédio. Leia um livro chamado O Caminho da Servidão, de Frederick August von Hayek. Esse livro é na verdade um antídoto ao marxismo, comunismo, socialismo, coletivismo, estatismo e outras patologias mentais. É um medicamento eficaz que pode te curar. Mas o problema é que marxistas são como viciados em cocaína. Tomaram gosto pela coisa e não querem abandonar a droga.

Portanto, caro Padre Paulo Ricardo, primeiramente, parabéns pela sua vídeo-aula sobre marxismo cultural; aprendi bastante e gostei muito. Mas fique tranquilo, não existe uma conspiração comunista para destruir os valores cristãos e dominar o mundo. Isso é pura fantasia. O que nós temos são intelectuais marxistas (doentes neurológicos), mas, creio eu, inofensivos. E pessoas, algumas intelectualizadas outras nem tanto, que simplesmente perderam a fé em Deus e que, por conta disso, não têm porque continuar compartilhando certos valores bíblicos.

Bem, para um católico ou evangélico fervoroso, o declínio da fé em Cristo não é a melhor notícia do mundo. Mas pelo menos vocês podem dormir tranquilos. Pois, na calada da noite, enquanto vocês estiverem entregues ao mundo de Orfeu, o planeta está seguro. Comunistas revolucionários não estão tramando estratégias horripilantes para dominar o universo.

Chega desse assunto. No meu próximo post, prometo não falar mais de Marx. Esse tema já deu o que tinha de dar. Até lá.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

DIREITA OBTUSA

Em vários dos meus posts aqui publicados, eu critiquei a esquerda tacanha desse país que ainda acredita que o dirigismo estatal é a melhor maneira de organizar a atividade produtiva de um país. Pessoas que insistem que Cuba é o que há de melhor em termos de desenvolvimento econômico e social, e também nos velhos clichês de que todas as mazelas sociais do passado, presente e futuro se devem a um tal movimento direitista, conservador e neoliberal.
Bem, está na hora de fazer justiça. Não é só a esquerda que fala bobagem. Os radicais de direita são igualmente fanáticos, ignorantes e retrógrados. Um dos queridinhos da direita radical, xiita e chauvinista brasileira é o filósofo Olavo de Carvalho. Não sei se uma pessoa com tantos preconceitos, com um raciocínio tortuoso e que não consegue argumentar sobre um assunto qualquer que seja sem proferir uma profusão de palavrões merece ser chamada de filósofo. Mas vamos em frente. Vejam o comentário que o senhor Olavo de Carvalho faz sobre o movimento gay:



Vamos analisar o fato: uma pessoa pode praticar o crime de preconceito por conta de uma determinada fé religiosa? Não estou me referindo aqui somente a homossexuais. Alguém pode proferir um discurso contra pessoas de determinado gênero, raça ou orientação sexual por conta do que leu em determinado texto que considera sagrado, seja esse a Bíblia, o Alcorão ou qualquer outro? A resposta é não. As democracias ocidentais modernas evoluíram a ponto de separar Estado de Igreja. Todos têm o direito de praticar sua fé. Mas ninguém tem o direito de cometer crime em nome de uma religião.
Há muita sabedoria nos textos bíblicos, mas a Bíblia também está repleta de trechos que poderíamos chamar de no mínimo politicamente incorretos. Vejamos alguns exemplos. Segundo a Bíblia, as pessoas negras são descentes de Cam, filho de Noé. Numa certa ocasião, Cam teria visto o pai nu e embriago em uma tenda. Em vez de cobrir a nudez do pai, Cam comentou o fato com os irmãos. Quando Noé recobrou a consciência, amaldiçoou o próprio filho, referindo-se a ele como servo dos servos. O que podemos concluir disso? Que todos os negros são amaldiçoados e feitos para servir?
Está escrito na Bíblia também que os árabes são descendentes de Ismael, filho bastardo de Abraão com uma escrava egípcia chamada Agar. Já os judeus são descendentes de Isaque, filho legítimo de Abraão com sua mulher Sara. Concluímos, então, de acordo com as escrituras sagradas, que os judeus são descendentes de uma aliança de Deus com Abraão, enquanto os árabes são todos bastardos.
Também está escrito na Bíblia que Deus é a cabeça do homem, assim como o homem é a cabeça da mulher. Portanto, todas as mulheres são seres acéfalos e incapazes de ter uma vida autônoma. Todas devem se casar e se submeter aos seus maridos. Não importa se a mulher é cientista, filósofa, artista, estadista ou engenheira: todas são desprovidas de massa cerebral.
Ainda consta na Bíblia que Deus fez chover fogo e enxofre sobre as cidades de Sodoma e Gomorra porque seus habitantes praticavam a homossexualidade. Logo, concluímos que todo homossexual merece o fogo do inferno.
Eu entendo que a Bíblia é um livro que foi escrito em um outro tempo e que, por isso, não deve ser interpretado ao pé da letra. Mas nem todas as pessoas pensam assim. Os  fundamentalistas cristãos rejeitam o evolucionismo de Charles Darwin por ser anti-bíblico. Acreditam que todos nós somos, na realidade, descendemos de Adão e Eva, que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Só uma dúvida, se Deus é onipotente, por que teria necessidade de descanso?
Bem, cada um é livre para ter a sua fé, mas repito: ninguém pode se valer de uma religião para cometer crimes. Preconceito é crime. Racismo é crime. Homofobia é crime. E o Estado tem o dever de proteger o cidadão contra criminosos. Recentemente, alguns jovens foram violentamente agredidos na Avenida Paulista, em São Paulo, por serem supostamente homossexuais. Se o Estado permite que pessoas divulguem mensagens de ódio e preconceito contra um determinado grupo da sociedade, está corroborando para que episódios como esse voltem a acontecer. 

Não posso aqui avaliar se a decisão de demitir a tal professora foi uma atitude correta ou não. Eu teria de ler o que a professora escreveu. Mas, independentemente disso, afirmo: o Estado e também a sociedade civil têm o dever de reprimir qualquer atitude de preconceito, seja esse de raça, credo, gênero, orientação sexual etc. Entendo que uma instituição de ensino realmente séria não deseja ter no seu quadro de professores pessoas que pratiquem o crime de preconceito. Se esse crime foi práticado em nome de uma crença religiosa, isso pouco importa. Contudo, o “filósofo” Olavo de Carvalho convenientemente não toca nessa questão.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O LEGADO POSITIVO DE LULA


Quem costuma ler o meu blog já percebeu que eu não sou nenhum entusiasta do governo Lula. Se o presidente tem 80% de aprovação, estou entre os 20% que não aprova esse governo. Mas apesar das divergências, não sou nenhum um radical xiita. Tenho de reconhecer que o presidente deixa, em meio a uma enormidade de coisas que eu e muitos brasileiros desaprovamos, algo de bom. Lula pode sim afirmar que “nunca antes na história desse país” um governo teve tanto empenho em melhorar as condições de vida dos mais pobres. Isso é bom, é uma conquista desse governo e algo que eles têm para se orgulhar.

Vejamos, por exemplo, o que o economista Ricardo de Paes de Barros, com certeza o maior especialista em políticas sociais do Brasil, diz sobre os programas petistas de redução da pobreza. Em entrevista concedida à Revista Exame (no. 22, 01/12/2010), o economista diz:

RICARADO PAES DE BARRO: com Lula, o Brasil teve um avanço social fantástico.

“Com o governo Lula, há um avanço social fantástico, ano após ano. Tanto a pobreza como a desigualdade caem. Foi assim mesmo em 2009, um período de tremenda crise econômica. A renda dos 10% mais pobres está crescendo a uma velocidade semelhante a da economia chinesa ou indiana, cerca de 8% ao ano. Já a renda dos 10% mais ricos cresce 1,5% ao ano, que é o padrão europeu. Ou seja, o brasileiro pobre está se aproximando do rico à mesma velocidade que a China se aproxima da Alemanha.”

Mais à frente, o economista completa:

“O interessante da política do presidente Lula é que ela é feita como se tivéssemos uma meta social. Antes, a política social estava subjugada à questão econômica. O pensamento era: se der, eu vou fazer. Agora o governo disse: vou fazer e o resto vai ter de se ajustar.”

Assim como a estabilidade macroeconômica é uma marca da gestão FHC - que o candidato Serra erroneamente não explorou durante sua campanha a presidente - a redução da pobreza é um legado positivo do governo Lula.

O grande equívoco do PT consiste em achar que eles estão fazendo algo tão grandioso pelo país que todos desvios morais tornam-se, por conta disso, irrelevantes e perdoáveis. Isso é um grande erro. A virtude de uma ação não deve ser medida exclusivamente pelos resultados, mas também pelos meios empregados. Por exemplo, subornar parlamentares para aprovar medidas que possam contribuir no combate à pobreza não está certo. Por mais que os fins sejam nobres, a ação, em si é moralmente espúria.


GOVERNO: os fins não justificam os meios.

A democracia no Brasil ainda está dando seus primeiros passos. Vamos torcer para que petistas compreendam que 44% dos brasileiros não aprovam um governo corrupto.

Por outro lado, a oposição tem de aprender que nenhum partido, daqui para frente, terá sucesso tratando cidadãos pobres como pessoas de segunda classe. A pobreza, a desigualdade e a falta de oportunidades são chagas da economia brasileira que, por décadas, foram tratadas como um problema de menor importância.

Vale lembrar que Lula perdeu quatro eleições presidenciais, duas delas porque criticou a estabilidade econômica promovida pelo Plano Real, num momento em que o maior desejo dos brasileiros era a garantia de que a inflação não iria mais voltar. Lula aprendeu bem a lição, mudou seu discurso radical e conseguiu eleger-se presidente.


OPOSIÇÃO: a pobreza foi tratada por décadas como um problema de menor importância.

Vamos torcer para que a oposição tenha essa mesma capacidade de reconhecer seus erros e mudar. Por conta disso, vejo com bons olhos a iniciativa de alguns tucanos em refundar o partido. Mas, se isso de fato acontecer, vamos aguardar para ver o que eles dirão sobre o compromisso em continuar reduzindo pobreza e desigualdade no país. Vamos dar uma chance ao otimismo. Aos trancos e barrancos, a democracia brasileira parece dar sinais de amadurecimento e evolução.


domingo, 5 de dezembro de 2010

DESENVOLVIMENTISTAS VERSUS MONETARISTAS


Pouco tempo após ter sido escolhida a nova presidente do Brasil, Dilma Rousseff, no intuito de acalmar o mercado, já tratou logo de anunciar os principais nomes da nova equipe econômica. No ministério da Fazenda, foi mantido Guido Mantega. Para o cargo de presidente do Banco Central, sai Henrique Meirelles e entra Alexandre Tombini. Logo começaram as especulações. Quem é esse tal de Alexandre Tombini? Ele é desenvolvimentista ou monetarista? Isso era o que todos profissionais do mercado financeiro queriam saber. É bom que não seja desenvolvimentista, pois isso pode deixar o mercado tenso.


ALEXANDRE TOMBINI: desenvolvimentista ou monetarista?

Eu imagino o mercado financeiro como uma senhora muito, mas muito nervosa. Qualquer boato pode deixá-la estressada e ela pode até enfartar. Então, para evitar uma tragédia, melhor anunciar rapidamente quem será a equipe que irá comandar a economia brasileira nos próximos anos e acalmar essa senhora.

Mas esse tal Alexandre Tombini ... qual a sua posição ideológica? Por fim, disseram que o novo presidente do Bacen não é nem desenvolvimentista nem monetarista, é um economista em cima do muro. Menos mau, não era a notícia que o mercado queria ouvir, mas pelo menos ele não é desenvolvimentista e isso deixou nossa amiga um pouco mais calma.

Você sabe qual diferença entre desenvolvimentismo e monetarismo? E por que o mercado tem esse preconceito contra os desenvolvimentistas? Será que eles são tão maus assim?

Para entender essa questão, vamos retroagir um pouco no tempo. Vamos para França do século XVIII. O capitalismo ainda estava nascendo e convivia com os resquícios do antigo regime. Alguns intelectuais queriam promover uma mudança radical na sociedade e passaram a divulgar uma idéia um tanto estranha para a época. A economia, assim como a natureza, seria regida por suas próprias leis. Nós não sabemos exatamente de onde elas vêm, mas percebemos a sua existência. Qualquer intervenção do Estado é prejudicial. Quanto mais livres forem os mercados, mais eficiente será a economia. Esses pensadores ficaram conhecidos como fisiocratas (fisio = natureza; cracia = leis ou regras). Com a Fisiocracia, estava lançada a semente do liberalismo econômico. Segundo essa doutrina, a melhor forma de organizar a atividade econômica é através de mercados livres. Talvez você já tenha ouvido a expressão “laissez faire” (deixai fazer), que, dentro do contexto econômico, significa simplesmente liberalismo.


FISIOCRACIA: a economia está submetida a uma ordem natural.

O liberalismo econômico nasceu no século XVIII, mas somente iria ganhar força e se transformar no pensamento dominante no século XIX. Todavia, nem todos pensadores da época ficaram convencidos disso. Alguns não acreditavam nessa capacidade do mercado de se auto-regular. Achavam que o capitalismo era intrinsecamente instável e suscetível a crises. Como é possível que as coisas funcionarem assim de maneira tão harmônica nesse ambiente aparentemente caótico, onde cada individuo (produtor ou consumidor) toma isoladamente suas próprias decisões? Não, não, isso não é possível, uma hora o capitalismo vai mergulhar numa crise profunda. Surgem então os profetas do apocalipse econômico. Entre os quais, um alemão barbudo, chamado Karl Marx.

Como a crise não veio, o capitalismo continuou seguindo em frente. Até que um dia, a profecia se tornou realidade. No dia 24 de outubro de 1929, a bolsa de valores de Nova York quebrou. Esse seria o estopim da Grande Depressão dos anos 1930, a maior crise da história do capitalismo em todos os tempos. O cenário era de completo horror. Nos Estados Unidos, a maior e mais poderosa economia do mundo, várias empresas iam à bancarrota aumentando cada vez mais o número de desempregados. Sem dinheiro para pagar aluguel, muitos trabalhadores foram despejados de suas casas e passaram a viver em barracos improvisados. As pessoas também não tinham dinheiro para comprar alimentos em quantidade suficiente e muitos morreram de subnutrição.

Será que o velho Marx estava certo? O capitalismo seria realmente um sistema ineficiente, predisposto a crises? Seria verdade que a economia de mercado carrega em seu bojo a semente de sua própria autodestruição? Por outro lado, a União Soviética passou incólume pela crise. Será que o sistema deles é melhor que o nosso? Não seria melhor abandonarmos o capitalismo e aderir a uma economia centralmente planificada?


CRASH DE 29 E A GRANDE DEPRESSÃO: desemprego, pobreza e subnutrição na economia mais rica do mundo.

Pois bem, nos anos 1930, um economista inglês salvou o capitalismo da extinção. John Maynard Keynes afirmou que aquela não era uma crise do capitalismo em si, mas sim a crise do capitalismo liberal. Segundo Keynes, “a guerra é um negócio sério demais para ficar nas mãos dos generais”. Da mesma forma, a economia é uma coisa séria demais para ficar nas mãos do mercado. Precisamos de um novo capitalismo, com um Estado atuante para evitar que novas crises aconteçam. Assim como generais precisam de um comando central, o capitalismo precisa de um Estado fortemente intervencionista. Essa nova doutrina foi batizada de keynesianismo em homenagem ao seu demiurgo.

Após a Segunda Guerra Mundial, praticamente todo o mundo capitalista se rendeu ao keynesianismo. Essa intervenção do Estado se dava de duas formas. Nos países desenvolvidos, o Estado passou a atuar fortemente no sentido de promover o bem estar social. Esse novo modelo de capitalismo ficou conhecido como Welfare State. Nos países em desenvolvimento, as idéias do economista inglês adquiriram uma nova roupagem. Aqui  faltava muita coisa a ser feita, não havia espaço ainda para a criação de um "Estado ama-seca". O governo assumiu então o papel de principal indutor do desenvolvimento. Estava criada uma nova doutrina: o “desenvolvimentismo”, uma espécie de keynesianismo de terceiro mundo.


LORD KEYNES: o homem que salvou o capitalismo.

Durante aproximadamente 30 anos (de 1945 a 1975), o keynesianismo funcionou muito bem. As economias capitalistas cresciam e geravam empregos. Parecia que o capitalismo estava finalmente no rumo certo. Porém, em meados dos anos 1970, boa parte do mundo capitalista entrou num estranho processo de estagnação econômica. Entenda-se aqui estagnação como um misto de baixas taxas de crescimento e desemprego elevado.  Agora era o keynesianismo que entrara em crise.

Assim como o liberalismo não convenceu a todos no século XIX, o keynesianismo também não conseguiu ser uma unanimidade cem anos depois. Com a nova crise, o mundo passou a prestar atenção no que alguns economistas fiéis ao liberalismo econômico tinham a dizer. Os liberais (ou neoliberais) entendiam que a causa da estagnação econômica estava justamente no Estado. Esse cresceu demais, ficou inchado, oneroso e ineficiente. Era necessário reduzir seu tamanho, torná-lo mínimo outra vez.

Meio complicado, concordam? O Estado no início era o vilão da história, foi transformado em mocinho e agora virou vilão novamente. Bem, os liberais argumentavam que o Estado sempre foi o vilão, tudo não passou de um erro de interpretação. Mas e as crises econômicas? Sem um Estado forte e intervencionista, o capitalismo não ficaria mais suscetível a crises? Bem, os tempos mudaram e agora o guru era outro, seu nome: Milton Friedman. Para o economista norte-americano, as crises não eram produzidas pelo mercado e sim pelo próprio Estado. O governo controla a quantidade de moeda em circulação. Dinheiro em excesso pode produzir bolhas (aumento dos preços) em certos mercados, principalmente ações e imóveis. Falta de liquidez, por outro lado, pode levar economias à recessão e à crise. Segundo Friedman, essa foi a causa da Grande Depressão dos anos 1930, um erro de cálculo do governo, que reduziu desnecessariamente a oferta de moeda. Portanto o correto é reduzir o tamanho do Estado, torná-lo mínimo. Mas não somente isso, o governo tem a função primordial de adequar a liquidez às necessidades da economia. A estabilidade do capitalismo depende fundamentalmente do volume de moeda disponível. Por isso Friedman e seus seguidores passaram a ser chamados de “monetaristas”.


MILTON FRIEDMAN: o Estado sempre foi o vilão da história.

Por que o mercado financeiro prefere os monetaristas aos desenvolvimentistas? A nossa amiga (aquela senhora muito nervosa) acha que os desenvolvimentistas são menos responsáveis em relação ao gasto público e à condução da política monetária. Voltando ao Alexandre Tombini, eu, particularmente, suspeito que ele seja mais monetarista que desenvolvimentista. Mas se ele assumir essa posição vai desagradar sua chefe, dona Dilma (desenvolvimentista). Mas, por outro lado, se disser que é desenvolvimentista, vai desagradar uma senhora mais brava ainda. Está certo ele, melhor ficar em cima do muro.

Entrevista com Milton Friedman (1975):



Para entender a crise financeira:

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

POR QUE LULA DEFENDE O REGIME CUBANO

Cuba, política e economicamente, é um fracasso retumbante. Eu sei disso, você sabe, até o presidente Lula sabe. Mas por que ele insiste em defender esse regime e fazer elogios a Fidel Castro? Vou tentar esclarecer isso com alguns casos que vivenciei. Certa vez, numa aula, entrei no assunto Cuba. Falei o que todos já sabem, ou deveriam saber, que o modelo socialista fracassou em todo canto desse planeta onde foi aplicado, inclusive em Cuba. Nisso, um aluno disse: então como o senhor explica o fato de Cuba ter a melhor medicina do mundo? Respondi ao aluno, é mesmo? Quantos cientistas cubanos já ganharam prêmio Nobel em medicina? Num outro episódio, outro aluno disse: mas em Cuba todos têm acesso à educação. Eu respondi: você sabia que a maioria das prostitutas em Cuba tem nível superior? De que adianta estudar para virar prostituta?

Por mais obvio que seja, algumas pessoas simplesmente não aceitam que o socialismo fracassou. E isso acontece até mesmo com intelectuais famosos. No dia 25 de outubro deste ano, aconteceu, na USP, um ato a favor da candidatura de Dilma Rousseff. Uma das pessoas que discursou foi a insana e desmiolada filósofa Marilena Chauí. Entre outros absurdos, a professora pregou a propriedade coletiva dos meios de produção e a revolução socialista. Segundo dona Marilena, está em curso uma revolução socialista no Brasil, e essa revolução se estenderá por toda América Latina e chegará inclusive a Europa. O mais incrível é que esse discurso ocorreu no seio daquela que é considerada a melhor universidade do Brasil, e a professora foi ovacionada por um número enorme de alunos e professores.

Não adianta dizer que a revolução socialista matou 65 milhões de pessoas na China, 20 milhões na antiga União Soviética ou um terço da população do Camboja. Não adianta dizer que essas pessoas morreram em vão, morreram por uma ideologia que só trouxe pobreza e opressão. Nada faz esses fanáticos do socialismo mudarem suas convicções. Minha conclusão é que o marxismo é uma religião fundamentalista. Você simplesmente crê, e isso é uma questão de fé e não de razão.

Acredito que Lula tenha uma profunda admiração por Fidel Castro, porque Fidel conseguiu o que Lula mais gostaria de obter em sua vida: ser o líder supremo de uma nação. Transformar um país em sua propriedade particular e todos cidadãos em seus serviçais. Mas não creio que ele tenha pretensões de transformar o Brasil em uma Cuba que fale português. Não, porque isso significaria transformar o Brasil em um país muito mais pobre e isso iria simplesmente prejudicar sua popularidade.

Todos sabemos que o PT é um partido que “come pelas beiradas”. O negócio deles é montar seus esquemas discretamente nos bastidores, sem que ninguém perceba. Se o objetivo do partido fosse promover uma revolução, como imagina a professora Marilena Chauí, eles estariam arquitetando isso silenciosamente. Lula defende o modelo cubano por uma única razão: porque isso rende votos. Porque existe um bando de lunáticos nesse país que ainda acredita que socialismo é a solução para todas as mazelas sociais do Brasil.

Para esses lunáticos, eu digo o seguinte: o problema do Brasil não é excesso e sim falta de capitalismo. Somente um modelo capitalista eficiente pode melhorar a vida desses milhões de brasileiros que vivem na miséria. O problema é que no Brasil nós não temos exatamente capitalismo. O que nós temos aqui é uma mistura de malandrismo, safadismo, ignorantismo e outros “ismos” mais. Mas se você é socialista-marxista-comunista, não se desespere. Como dizia o saudoso Roberto Campos, o socialismo é uma doença grave, muito grave, mas tem cura. Vejam, abaixo, o vídeo do ato pró-Dilma, na USP, e um vídeo sobre Cuba. Até uma próxima.

Marilena Chaui fala em Ato pró-Dilma Rousseff na USP:



O Brasil vai virar uma Cuba?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

GUERRA NO RIO, QUAL A SOLUÇÃO?

Detesto droga. Quando eu era jovenzinho, até tinha uma visão romântica e por que não dizer babaca desse assunto. Eu fazia coro ao Cazuza: “meus heróis morreram de overdose”. Mas a gente cresce, vira adulto e fica careta. Hoje, quando ando pelo centro de São Paulo e sou abordado por maltrapilhos me pedindo trocados, penso: isso é droga.
Mas apesar de abominar todo tipo de droga, lícitas ou ilícitas, sou a favor da completa descriminalização do uso, venda, produção etc. Por uma razão muito simples. Sou um libertário e acho que as pessoas devem ter o direito de escolher o que fazer com suas vidas.
Enveredar pelo mundo das drogas é uma das piores escolhas que uma pessoa pode fazer. Mas ainda assim, entendo que nenhuma pessoa, ou governo tem o direito de decidir isso em nome de todos. Essa é uma escolha que cabe a cada um.
Muita gente entende que droga está relacionada à violência. Isso não é verdade. A repressão ao comércio ilegal de drogas é que gera violência. Quanto mais se reprime, mais a droga fica escassa e, por conseguinte, valiosa. O comércio de droga é altamente lucrativo justamente porque é ilegal. Esse lucro torna os grandes traficantes ricos, poderosos e modelos de sucesso em comunidades pobres, onde as pessoas têm pouquíssimas  oportunidades de ascensão social. O mundo do tráfico seduz jovens incautos e muitos pagam com suas vidas por essa escolha.

O mundo do tráfico seduz jovens incautos e muitos pagam com suas vidas por essa escolha.
Se o governo não reprimisse a produção e o tráfico, as drogas ficariam mais baratas. Seus produtores e vendedores não teriam recursos para comprar armas de guerra para combater a polícia e nem teriam mais razão para isso. Por outro lado, com a liberação, as drogas ficariam mais baratas e acessíveis. Resumindo, o consumo aumentaria, mas a violência diminuiria. Acho uma troca justa: entre mais gente usando drogas ou mais violência, eu fico com o primeiro.

A repressão ao comércio ilegal de drogas gera violência.
Não são apenas traficantes que morrem nessa guerra. Muita gente inocente também tem suas vidas ceifadas. Nesse confronto entre policiais e bandidos que houve - ou está havendo - no Rio, uma adolescente de 14 anos morreu, dentro de sua própria casa, atingida por uma bala. Um garoto de oito anos levou um tiro na perna por desrespeitar as ordens de um traficante. Esses são apenas dois casos entre vários de pessoas inocentes que morrem ou são feridas porque o governo entende que tem o direito de dizer a pessoas adultas como devem levar suas vidas.
Leis que proíbem a produção e comércio de drogas podem ter sido elaboradas por pessoas bem intencionadas, mas todos nós já ouvimos falar de um lugar repleto de boas intenções. O resultado concreto dessas leis está aí, basta ligar a TV ou abrir um jornal e você verá.

Diogo Costa defende a legalização das drogas:

domingo, 28 de novembro de 2010

CANCELEI MINHA ASSINATURA DA FOLHA, AGORA EU SÓ LEIO CLOACA NEWS

Atenção, gente, o assunto é sério. Estou chocado com o que acabei de descobrir. Vocês todos já ouviram falar do mensalão, do valereoduto, da quebra do sigilo bancário de um tal caseiro e até de uma famosa dança da pizza. Pois bem, pessoal, a história é a seguinte, acabei de descobrir que nada disso existiu de verdade. Todos esses escândalos foram produzidos pela grande mídia golpista que domina o Brasil.
Existe uma conspiração contra o atual governo. A elite brasileira nunca aceitou que um operário, nordestino e sem estudo fosse o presidente do Brasil. Esses direitistas, neoliberais não aceitam todo o avanço econômico e social que o país está tendo. A elite que sempre dominou esse país é contra o Bolsa Família e a melhoria de vida das pessoas mais pobres. Eles querem que os pobres continuem pobres e ignorantes para poderem ser manipulados.
Todos os grandes veículos de comunicação de massa desse país estão infestados por essa máfia golpista. Estou me referindo aqui aos grandes jornais: Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo, etc. Também as redes de TV e rádio, praticamente toda grande mídia está dominada. Não podemos confiar em ninguém.
Eu já cancelei minha assinatura da Folha e recomendo a vocês que assinam qualquer jornal, qualquer um que seja, que façam o mesmo. Não podemos nos deixar levar pelas mentiras que eles veiculam. Felizmente o governo Lula está tomando medidas para controlar os meios de comunicação. Eu acho que o presidente deveria mesmo era fechar todos esses jornalecos e acabar com os noticiários de rádio e TV. Isso os impediria de continuar mentindo e difamando o governo.
Por enquanto, a única forma de nos manter informados é através de blogueiros progressistas. Eu não sei direito o que significa essa palavra “progressista”, mas isso não importa. Eu recomendo a vocês um blog seríssimo, chamado Cloaca News, as Últimas do Jornalismo de Esgoto. Eu não sei quem é o responsável, ele usa o pseudônimo de Zé Cloaca, mas parece que é um cara do bem, um progressista. Segue abaixo o link do blog.
Pois é, gente. Falando sério agora. Tem muita gente por aí que acredita nesse discurso, gente que em vez de pensar com a cabeça, pensa com a cloaca. Pasmem: o Cloaca News tem mais de quatro mil seguidores no Twitter.
Bem, como dizia um antigo amigo: a única saída para o Brasil é pelo aeroporto. Depois de levar essa cloacada na cabeça, começo a acreditar nisso. Acho que esse país não tem mais jeito, vou arrumar minhas malas, vou me mudar para um país com mais possibilidades de desenvolvimento. Vou para o Afeganistão, tchau para vocês, fui.

A dança da pizza - vale a pena ver de novo:

DOIS NOVOS VÍDEOS SENSACIONAIS

A Filosofia da Liberdade:



The Soviet Story:

domingo, 21 de novembro de 2010

GOVERNO E PARTIDO


Comecei a escrever esse blog em setembro deste ano, quando ocorreu o escândalo da quebra de sigilos da Receita Federal. Eu imaginei, à época, que o fato iria produzir um belo estrago na campanha da então candidata à presidência Dilma Rousseff. Para meu espanto, nada aconteceu. A primeira pesquisa de intenção de voto feita após o episódio mostrou que Dilma permanecia em primeiro lugar na preferência do eleitorado com cristalizados 50% dos votos. Fiquei estarrecido, não podia acreditar no que estava acontecendo. Violar sigilo fiscal para fins de campanha eleitoral é um expediente gravíssimo. Como o eleitor podia permanecer alheio a isso? Senti naquele momento necessidade de expressar minha indignação.

A candidatura Dilma somente iria sofrer um revés quando veio à tona um segundo escândalo: o tráfico de influência na Casa Civil perpetrado pela então ministra  Erenice Guerra e sua trupe. Muitos analistas concluíram que o caso Erenice provocou o segundo turno na eleição presidencial.


Dilma Rousseff e Erenice Guerra: muitos analistas acreditam que o tráfico de influência na Casa Civil provocou o segundo turno na eleição presidencial.

 Particularmente, achei o primeiro episódio mais grave que o segundo. Mas por que o escândalo na Receita não produziu resultado algum enquanto o caso Erenice retardou a vitória de Dilma? Muito provavelmente porque a maioria dos brasileiros não entende o que significa aparelhamento da máquina administrativa e menos ainda o estrago que isso pode produzir.

Muito bem, tudo isso é passado. Todavia, um fato recente me fez refletir mais uma vez sobre esse assunto. No dia 17 deste mês, o jornal Folha de São Paulo publicou um artigo intitulado “Novo padrão de mudança social”, de autoria do economista Márcio Pochmann, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Ao ler o artigo, novamente fiquei estarrecido. Os acontecimentos políticos no Brasil têm uma infinita capacidade de me surpreender. Aquilo não era o texto de um pesquisador sério, pautado na neutralidade ideológica. Era simplesmente uma propaganda escancarada a favor da administração petista. Não sou contra que um partido político faça propaganda, desde que com seus próprios recursos. O que não pode é o presidente do mais prestigioso centro de pesquisa econômica do país se prestar a tal serviço. Isso é um deboche.

Se você tiver interesse em ler o referido artigo na íntegra, basta clicar no SITE OFICIAL DA LIDERANÇA DO PT. É isso mesmo que você leu. O texto do presidente do Ipea está no site oficial de um partido político.

Pessoas bem informadas sabem que o PT de ontem era o partido do contra. Um ajuntamento de radicais xiitas que acreditava que o socialismo era o modelo econômico ideal para o Brasil. Se fosse feita a vontade do PT, hoje o Brasil teria um padrão de desenvolvimento econômico semelhante a Cuba. Lula era chamado de sapo barbudo e todos o viam como um radical feroz que iria dar calote na dívida externa, estatizar empresas multinacionais e promover uma reforma agrária na marra.

Os parlamentares petistas desse período votaram contra tudo que contribuiu para o desenvolvimento político e econômico deste país. Entre outras coisas, o PT votou contra a Constituição Federal de 1988, o Plano Real (1994), o Sistema de Metas de Inflação (1999) e a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000). Só para citar alguns casos. Concluímos, portanto, que, se o “país está dando certo”, como foi dito várias vezes na campanha eleitoral, isso acontece apesar do PT e não por causa dele.




O PT era o partido do contra, parlamentares petistas votaram contra tudo que contribuiu para o desenvolvimento político e econômico deste país.

Todavia Pochmann distorce a realidade e argumenta que com Lula o país atingiu um “novo padrão de mudança social”. Se essa bobagem toda tivesse sido escrita por um economista do PT, sem problema. O partido estaria pagando alguém para fazer propaganda. Mas não é o caso. Essa demagogia parte do presidente do Ipea. Afinal de contas, para quem trabalha o Sr. Pochmann? Quem paga o seu salário? O governo ou o partido? Quando servidores públicos passam a servir a um partido político em vez da nação, chamamos isso de aparelhamento ideológico da máquina administrativa. E é isso que está ocorrendo no Ipea, na Receita Federal e em diversas outras instituições públicas.


Márcio Pochmann: para quem ele trabalha? Para o governo ou para o partido?

Convém lembrar que, em novembro de 2007, Márcio Pochmann afastou do Ipea quatro renomados pesquisadores, simplesmente por não terem um pensamento alinhado ao do governo. Os quatro pesquisadores afastados foram: Fabio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis Bonelli. Dois desses pesquisadores estavam no Ipea há 40 anos e nem mesmo durante a ditadura militar sofreram tal censura. Ou seja, além de garoto propaganda do PT, o Sr. Pochmann se presta também ao papel de oficial da Gestapo, quando necessário.

Concluindo. Quando terminei de ler o referido artigo, imediatamente escrevi uma nota para o Jornal Folha de São Paulo, que foi publicada no dia 19 de novembro. Segue abaixo o texto:


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Novo padrão de mudança social


No artigo "Novo padrão de mudança social" ("Tendências/ Debates", 17/11), o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, argumenta que o Brasil conviveu nas últimas décadas com três padrões diferentes de mudança social: o primeiro entre 1960 e 1970, o segundo entre 1981 e 2003 e o terceiro de meados da década de 2000 até agora.

Não é necessário ser economista para perceber que o artigo é uma simples propaganda política do atual governo. Pochmann dá um tom técnico e apresenta uma série de números para sustentar a tese demagógica de que este é o "país que está dando certo", em oposição ao "país que deu errado". Ou ainda repisar o desgastado discurso de que "nunca antes na história deste país...".

Pessoas bem informadas sabem que as mudanças ocorridas aqui ao longo das últimas décadas não podem ser simplificadas dessa maneira. O presidente Lula não é o responsável por tudo que acontece de positivo no país.

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IVAN DAUCHAS (São Paulo, SP) Jornal Folha de São Paulo. PAINEL DO LEITOR. São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010.

Pois então, meu caro leitor, vamos ficar atentos. Esse aparelhamento ideológico é mais grave do que a maioria das pessoas imagina. No passado, o PT talvez fosse uma ameaça à estabilidade econômica, hoje não é mais. Há muito, o partido lançou à lata do lixo seu ideário socialista. Hoje o PT é uma ameaça às instituições do país. Lula e seus aliados são de um pragmatismo extremo. Tudo que é bom para o partido é valido, porque também é bom para o país. Prevalece entre petistas a máxima maquiavélica: “os fins justificam os meios”. Se para fortalecer o partido é necessário corromper as instituições públicas, que assim seja.

 

sábado, 13 de novembro de 2010

POBREZA, DESIGUALDE E SERVIDÃO


O Brasil tem um problema gravíssimo de distribuição de renda. De acordo com o índice de Gini, nosso país está entre os mais desiguais do mundo, ficando atrás apenas de alguns poucos países muito pobres da África e América Latina. Quando um país tem uma renda per capita não muito alta e uma elevadíssima desigualdade, qual será o resultado? Um grande número de pessoas pobres. Essa é a situação do Brasil.

A pobreza é indesejável porque é injusta, economicamente ineficiente e politicamente temerária. É injusto que uma pessoa não tenha condições para custear minimamente sua alimentação, moradia, serviços de saúde e estudo. Quando uma pessoa é privada de suas necessidades elementares, não pode se desenvolver plenamente. A pobreza faz com que os recursos humanos de uma nação sejam desperdiçados, logo gera ineficiência econômica. Além disso, a pobreza gera instabilidade social, pois quanto maior a desigualdade, maior tende a ser a violência e a criminalidade. Finalmente, pessoas muito pobres, com baixa instrução, são normalmente pouco informadas e mais facilmente manipuláveis por maus representantes políticos.


A pobreza é indesejável porque é injusta, economicamente ineficiente e politicamente temerária.

A situação social no Brasil é grave, mas tem melhorado. Um dos fatores que tem contribuído para melhorar o quadro social no Brasil são as políticas de complementação de renda, que recentemente foram unificadas em um só programa, batizado pelo governo de Bolsa Família. Esse programa tem aspectos positivos e negativos. Por incrível que possa parecer, a matriz teórica desse programa está contida nas idéias de um dos papas do neoliberalismo, o economista norte-americano Milton Friedman. Em seu livro, Capitalismo e Liberdade, Friedman discute a questão da desigualdade de renda e riqueza no capitalismo. Friedman argumenta que para ele - ferrenho defensor do liberalismo - é difícil encontrar argumentos éticos favoráveis a uma redistribuição da renda. Todavia, se essa política for implementada, que ela funcione como uma espécie de imposto de renda negativo. Ou seja, pessoas muitos pobres, em vez de pagar imposto de renda, recebem um subsídio do governo. Quanto menor a renda, maior a transferência que a pessoa terá direito. Segundo o autor, essa política respeita o direito de escolha do consumidor. Em vez de o governo oferecer bens ou serviços gratuitamente, é melhor que a pessoa receba uma ajuda em espécie e escolha livremente qual a melhor forma de alocar esse recurso.


Milton Friedman: por incrível que pareça, a matriz teórica do Bolsa Família está contida nas idéias de um dos papas do neoliberalismo.

Esse é o primeiro aspecto positivo dos programas de complementação de renda. Ao conceder uma ajuda em espécie, o governo respeita a soberania do consumidor. Ninguém melhor que o próprio consumidor sabe quais suas reais necessidades. Para ilustrar essa situação, imaginemos um caso bem simples, porém esclarecedor. Suponha que o governo ajude famílias pobres distribuindo cupons de alimentação que as pessoas trocam por comida em supermercados. Suponhamos agora uma pessoa muito pobre e sem dentes. Tão importante quanto os alimentos para essa pessoa, seria uma dentadura. Nesse caso, uma ajuda em dinheiro é mais eficiente que um cupom de alimentação. Quando o governo dá dinheiro no lugar de cupons, permite que a pessoa escolha a melhor maneira de alocar sua renda.

O segundo aspecto positivo dos programas de complementação de renda está na focalização. Esses programas são eficientes porque não são universais (oferecidos a todos), eles estão focados nos mais pobres. Por exemplo, suponhamos que, em vez de complementar renda, o governo escolha subsidiar a produção de alguns alimentos, tornando-os mais baratos. Essa política é menos eficiente porque é universal. Tanto pobres como ricos seriam favorecidos pelos preços mais baixos dos alimentos.
Todavia temos de ficar atentos para os aspectos negativos. No meu entendimento, esses programas somente são aceitáveis por um determinado período de tempo. É injusto e moralmente perigoso que uma parcela da população dependa de assistência pública para sobreviver. Eu diria até que isso é uma afronta à dignidade humana. O Bolsa Família é bom, tem contribuído para reduzir a pobreza no Brasil, mas esse programa tem de ter uma porta de saída. Não é bom que algumas pessoas incorporem uma cultura do assistencialismo e passem a achar que têm o direito de serem sustentadas pelo governo. Um governo paternalista que trata cidadãos como criancinhas é moralmente perigoso, corre-se o risco de se estabelecer uma promiscua relação de dependência entre as camadas mais pobres da população e o governo. Os beneficiários podem se tornar lenitivos com tudo que o governo venha a fazer, desde que o programa seja mantido. De forma bem clara, os beneficiários do programa não se importarão se o governo é corrupto, aparelha a máquina estatal, censura a imprensa ou comete outros tantos desvios morais. Tudo isso é permitido desde que o auxilio seja mantido. Quando as coisas chegam a esse patamar, cria-se um forte estímulo à degeneração política.
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O Bolsa Família é bom, tem contribuído para reduzir a pobreza no Brasil, mas esse programa tem de ter uma porta de saída.

Minha posição é de que o Bolsa Família é um bom instrumento de combate à pobreza, mas que pode se transformar em algo perigoso no longo prazo. O quadro de pobreza que vigora no Brasil é imoral, indigno, obsceno, mas temos que entender que renda e riqueza são resultado do jogo econômico. Algumas pessoas são mais esforçadas que outras, portanto não é justo redistribuir renda, o correto é redistribuir oportunidades. A melhor maneira de lidar com essa questão é focar na origem primordial do problema. Existe tanta pobreza no Brasil porque as pessoas que participam do jogo partem de situações extremamente desiguais. A melhor política de combate à pobreza está no investimento em educação. Se todos os brasileiros tivessem acesso a uma educação de qualidade, a desigualdade se reduziria naturalmente, sem atropelos morais. Pessoas com mais educação também tendem a compreender melhor a política e a aceitar menos os desvios éticos do governo. A solução, portanto, está na educação. Qualquer governo que não dê a devida atenção a esse problema e insista em políticas assistencialistas deve ser visto com cautela.