Sinceramente, eu não queria ter de voltar ao assunto Marx. Eu nem me lembro mais em que lugar da minha estante guardei meus livros marxistas. Para mim, este é um assunto superado. Falar mal de Marx é o mesmo que chutar cachorro morto. Qual a graça? Mas a questão é que, por incrível que pareça, ainda há muita gente inteligente que acredita em Marx. E , mais incrível ainda, há também gente que crê numa espécie de conspiração marxista para dominar o mundo. Então, acho que ainda vale a pena falar desse assunto.
Você já ouviu falar de marxismo cultural? Bem, se você tiver interesse, dê uma olhada no vídeo abaixo do Padre Paulo Ricardo. Você irá entender por que, tantos anos após a morte de Marx, alguns conservadores ainda têm tanto medo de suas ideias.
Para quem não tiver paciência para ver a série de oito vídeos do YouTube sobre esse assunto, segue aqui uma ultra resumida síntese.
Em um dado momento da história, alguns comunistas se indagaram o seguinte: por que as profecias de Marx não estão se realizando? Por que os trabalhadores não fazem logo uma revolução e põem abaixo o capitalismo? Isso não ocorre porque a sociedade ocidental moderna está assentada sobre valores burgueses, que são em última análise valores cristãos. Portanto, para fazer a revolução acontecer de fato é necessário destruir os alicerces que dão sustentação ao capitalismo, ou seja, os valores burgueses ou cristãos.
Portanto, divórcio, legalização do aborto, legalização das drogas, casamento gay e outras bizarrices mais são fruto de um plano engendrado por comunistas que querem dominar o mundo. O objetivo é destruir todos os valores burgueses e com isso abrir caminho para a revolução. Eu, particularmente, acho isso incrível. Como o ser o humano tem a capacidade de inventar e acreditar em fantasias esdrúxulas.
Vamos aos fatos. A maior parte dos intelectuais do mundo inteiro, para poder participar desse seleto clube, tem carteirinha de ateu convicto. Se você for agnóstico, talvez até seja aceito. Mas católicos e evangélicos estão definitivamente fora.
Se você não tem religião e possui uma razoável capacidade cognitiva, vai achar que divórcio, legalização do aborto, legalização das drogas e casamento gay, entre outros temas, não são coisas assim tão bizarras. Muito pelo contrário, são questões bastante razoáveis. Isso tudo tem a ver com a expansão das liberdades individuais. Esse é o pensamento predominante no círculo das pessoas ditas inteligentes, modernas, descoladas, intelectualizadas e, logicamente, ateias.
CRUZ QUEBRADA: símbolo da paz ou heresia?
Muitos intelectuais também não gostam do capitalismo. Entendem que esse é um sistema econômico injusto, baseado na exploração e aquela história toda que você está careca de saber. Quem critica o capitalismo não está totalmente errado. O problema é achar que a solução para os problemas sociais está no coletivismo estatal marxista. Isso é grave. A conclusão final é a seguinte, se você é ateu e não gosta do capitalismo, basta um empurrãozinho para se converter em um marxista de carteirinha.
Eu, particularmente, acho que o marxismo se assemelha a uma droga pesada, como a cocaína, por exemplo. Num primeiro momento, pode causar uma certa exaltação mental. Mas se você for fundo, meu caro, isso vai produzir um belo estrago nos seus neurônios.
Lamentavelmente, o mundo está repleto de intelectuais com neurônios estragados. A cura para isso? Bem, se você está nessa situação, eu recomendo o seguinte remédio. Leia um livro chamado O Caminho da Servidão, de Frederick August von Hayek. Esse livro é na verdade um antídoto ao marxismo, comunismo, socialismo, coletivismo, estatismo e outras patologias mentais. É um medicamento eficaz que pode te curar. Mas o problema é que marxistas são como viciados em cocaína. Tomaram gosto pela coisa e não querem abandonar a droga.
Portanto, caro Padre Paulo Ricardo, primeiramente, parabéns pela sua vídeo-aula sobre marxismo cultural; aprendi bastante e gostei muito. Mas fique tranquilo, não existe uma conspiração comunista para destruir os valores cristãos e dominar o mundo. Isso é pura fantasia. O que nós temos são intelectuais marxistas (doentes neurológicos), mas, creio eu, inofensivos. E pessoas, algumas intelectualizadas outras nem tanto, que simplesmente perderam a fé em Deus e que, por conta disso, não têm porque continuar compartilhando certos valores bíblicos.
Bem, para um católico ou evangélico fervoroso, o declínio da fé em Cristo não é a melhor notícia do mundo. Mas pelo menos vocês podem dormir tranquilos. Pois, na calada da noite, enquanto vocês estiverem entregues ao mundo de Orfeu, o planeta está seguro. Comunistas revolucionários não estão tramando estratégias horripilantes para dominar o universo.
Chega desse assunto. No meu próximo post, prometo não falar mais de Marx. Esse tema já deu o que tinha de dar. Até lá.
Marxismo cultural. Sem dúvida, um movimento de cunho “utópico” cujo seus maiores artífices desolados e decepcionados com a não tomada do poder do proletariado sobre os capitalistas opressores e exploradores quando mais tiveram oportunidade tomam atitudes alucinantes. Estavam eles ( os trabalhadores) armados até os dentes com um claro objetivo de defender o status quo do eterno teatro dos “patrões” e eles “empregados”. Me refiro a primeira guerra mundial. Previam os marxistas que na primeira oportunidade de se armarem em prol haveria a glória da incondicional tomada do poder dos trabalhadores para a promoção da famosa ditadura do proletariado. Esta frustração vem desde o manifesto comunista em 1848, época de efervescência política, econômica e social que somente resultou pouco tempo depois em uma nova forma de interpretação capitalista: o marginalismo. Após a criação das teorias críticas desde o italiano Antonio Gramsci até Lucács na Hungria, questionam o porquê de a realidade não seguir a teoria, segundo Marx. Logo vem a luz que a luta não mais será uma revolução armada, mas sim uma "revolução cultural", ou seja, uma luta ideológica logo difundida nos confins da Alemanha, Hungria, França, suiça e etc. que criam, neste primeiro país citado, a “escola de Frankfurt” desenvolvendo uma teoria crítica de cunho filosófico. A conclusão era de que para que a teoria de Marx funcionasse, sobretudo no ocidente, dever-se-ia destruir os valores judaicos /cristãos que tanto influenciavam ( e influenciam) os costumes da sociedade. Esta teoria comunista não era vista com bons olhos para o nascente Nazismo e seus membros. Por este motivo, relegam-se ao degredo levando em suas mentes uma “arma” de manipulação. Os mais célebres desta diáspora encontraram terra fértil nos EUA, tais como Adorno, Horkheimer e Marcuse . Lecionaram em universidades como em Cambridge, Columbia (verdadeiras válvula da panela de pressão, kkkk) e a grande “sacação” era entender que quem poderia quebrar com os valores proferidos deveriam ser o jovem que é contestador por natureza e rebelde. Já tinham um grande motivo para se voltarem contra o sistema: a guerra do Vietnã e a retrógrada repressão conservadora. Cultura da paz e amor, liberdade sexual ( esta contribui grandemente com o a revolta), uso de drogas, contra o capitalismo, viver em comunidades visando o bem comum. O que seria do mundo hoje sem 1968, ano do estouro destas idéias? Seriamos mais conservadores? Digo anos ocidentais.
ResponderExcluirO que é mito ou máquina de marketing a história os fundem, porém, em uma sociedade contemporânea, individualista e cada vez mais com adeptos ao ateísmo, busca a igreja católica um posicionamento político cada vez mais direitista, querendo reafirmar suas bases para preservar seus valores burgueses refratários aos desinteressados adeptos. O Pe. Paulo Ricardo, Fervoroso defensor do Papa Bento 16, busca bases históricas conspiratórias para a defesa de sua classe tão ameaçada pelos fundamentalistas “marxianos”( neologismo de minha autoria, kkkkk) que seu quase que último golpe de foice, através da teologia da libertação , ameaçou as suas bases.
Hoje, os que conhecem do assunto são uma minoria de pessoa, mas o quotidiano se faz presente, força um posicionamento das pessoas e dos governantes a mostrar sem contradições o que seria ideal para a sociedade moderna. E a igreja nos cobra uma posição, pois tem eles respostas para tudo. Os estados nacionais "OCIDENTAIS" ainda são muito ligados a estes valores. Até onde podemos pecar??????????
Caro autor, sou apenas um indivíduo na multidão de "indivíduos egoístas preocupados com seu próprio bem estar e que, com isso, beneficia o todo". Então por que me dar ao trabalho de comentar posts? Principalmente de autores que, em defesa da ideologia a qual nem lhes pertence se enroscam em si mesmos contradizendo-se a todo momento em nome dessa ideologia. "Ideologia que não lhe pertence" porque ideologia se traduz por idéias da classe dominante que, permeando a classe dominada, de cima para baixo portanto, impregna-a tão fortemente que esta última assume como suas as idéias da primeira. E não me parece, posso estar enganado, que o autor seja um “agente da classe dominante”. O caríssimo autor, embora não esteja de acordo, dedica um post inteiro ao assunto do suposto "complô" marxista para dominar o mundo e, no entanto, no post anterior ("Direita Obtusa" que, aliás, concordo plenamente) não dedica uma linha sequer às declarações do filósofo Olavo de Carvalho sobre o complô de dominação capitalista (A "Nova Ordem"). Por que? Será o autor um “integrante disfarçado” da direita amedrontada e, assim sendo, tenta afastar essa "sombra que ronda" as mentes "despreparadas"? E por que ter medo de idéias "mortas"? Talvez seja porque a melhor parte do senso comum, o bom senso, negue este fato? Quanto ao "fato" de que para ser marxista necessita-se de "carteirinha de ateu" temos ai o Sr. Plínio de Arruda Sampáio para por à contra-prova este “fato”. Legítimo representante do movimento operário, portanto "marxista de carteirinha", pasmem, é Cristão. E dos "bons", diga-se de passagem. Além disso, o movimento que mais operou contra a "miséria religiosa" foi o mesmo que levou a ascensão da classe burguesa: A Revolução Iluminista (mais conhecida como Revolução Francesa). Robespierre inaugurou a única deidade possível: A Deusa Razão. Então, por acaso, os revolucionários iluministas eram todos marxistas? Que estranho paradoxo!! ( continua )...
ResponderExcluirTranscrevendo em parte nosso amigo autor: "Se você não tem religião, etc etc etc... não são coisas assim tão bizarras, etc etc etc... Esse é o pensamento predominante no círculo das pessoas ditas inteligentes, modernas, descoladas, intelectualizadas e, logicamente, ateias.", e, portanto, marxistas? Nem tanto assim, embora este pensamento já pertencesse às bases do pensamento marxista (anos 50, 60 e 70 para ser mais exato) bem antes de toda a mídia aceitá-las. Antes, tais pensamentos eram esquerdistas e deviam ser repudiados pelas "boas famílias católicas". Hoje são, não só aceitos, como glamourizados visando a boa ética (moral) social. Interessante... e continua o autor, "se você é ateu e não gosta do capitalismo, basta um empurrãozinho para" você adquirir algum senso de razão lógica. Quem acredita sinceramente, como o autor, que pode controlar as forças de um sistema geneticamente programado para a acumulação, vai precisar de muito “empurrãozão” para ser levado a uma clínica de desintoxicação "mercadológica" (naturalmente a preços módicos) para adquirir o controle sobre seu próprio discernimento lógico. E, por favor, "Caminho da Servidão"? O Senhor só pode ser Senhor porque se vê no Servo como um escravo? Ora, faça-me um favor. Diga que isto é um pesadelo dentro do qual aceito ser Servo porque me vejo Senhor do meu Senhor, vai!!!! Quer idéia mais apologética que esta da classe dominante para manter a dominada "aceitando" seu destino? Formar, por idéias, o sistema de castas? Não é mais fácil legalizar "as castas", nos moldes da legalização das drogas? Quanto à "fantasia do Padre" devo concordar em número, gênero e grau com o autor. Para mim o oposto (A Nova Ordem) faz mais sentido (embora completamente desnecessária e espúria, já que o capital está no controle absoluto). Operário marxista dominando o mundo? Essa é boa. ( continua )...
ResponderExcluir"Bem, para um católico etc etc etc. Mas pelo menos vocês podem dormir tranqüilos, pois, na calada da noite..., o planeta" continuará seguro nas mãos da Nova (velha) Ordem (o capitalismo). Não se preocupem.
ResponderExcluirMarx está morto? Sim. Pode-se constatar indo-se pessoalmente visitar sua atual residência londrina no Cemitério de Highgate. No entanto, sua mais preciosa companheira que o acompanhou por toda sua vida ainda mostra sinais de firme resistência e vitalidade.
A Sra. Razão, embora um tanto adoentada ultimamente, acometida de uma forte virose neoliberal aguda tão comum hoje em dia principalmente em crianças ingênuas, adolescentes influenciáveis expostos à mercantilização dos valores humanos e em alguns (também ingênuos, porém excelentes) intelectuais, parece dar sinais de resistência além das forças imagináveis. Um bom alento a essa senhora foi a crise de 2008 que ainda não contou o final de sua história. Parece que o remédio "mercadológico" receitado a uns 25 anos atrás por um tal de Alan Greenspan - falso "médico" que, após ser pego em flagrante delito pela polícia do "moral hazard" declarou publicamente que sua ideologia de um "mercado livre" simplesmente não funciona (e as razões - note-se o plural, afinal de contas Marx era um legítimo representante de sua época vitoriana, portanto, tinha mais de uma amante - são explicadas em detalhes em "O Capital") -, parece dar sinais de enfraquecimento, restaurando nossa ilustre Razão às suas nobres forças. Desejamos a esta senhora sua pronta e efetiva recuperação. Quanto ao autor, desejamos-lhe que experimente acompanhar essa senhora à cama por uma noite. Afinal, "é em panela velha que se faz comida boa".
Abraços ao autor.
Meu caro EXCEDENTE, sou obrigado a reconhecer que chutar cachorro morto tem certa graça sim. Pois o cão pode estar apenas agonizando e rosnar de vez em quando. Pelo jeito, esse é o caso. Escrevi esse post em homenagem ao suspiro de vida que resta nesse cão moribundo chamado marxismo. Discordo do senhor com relação a ideologia dessa ou daquela classe. Se fosse assim, até hoje os países do Leste Europeu seriam comunistas. Por que abraçar a ideologia do livre mercado se essa não lhes pertencia? Eu escolho a ideologia que, dentro da minha humildade intelectual, considero a mais consistente. A ideologia marxista, na minha modesta compreensão, tem mais furos que um queijo suiço. Para mim não serve. Com relação a Hayek, não li uma linha sequer no seu livro O Caminho da Servidão que eu não concorde. Acho que ele está completamente correto em tudo que diz. Em vez que repudiar o texto, porque segundo a concepção marxista, pertence à ideologia de uma outra classe, acho que seria muito mais interessante mostrar onde estão as inconsistências do autor. Será que o senhor ou algum marxista de plantão tem coragem para tanto? Com relação ao senhor Olavo de Carvalho, confesso que os poucos vídeos que vi me causaram um certo mal estar estomacal. Se tivesse de escolher entre esse senhor e a dona Marilena Chaui para um chá da tarde, eu não pensaria duas vezes. A dona Marilena pode ser igualmente incoerente em sua ideias, mas é uma pessoa, aparentemente, muitíssimo mais simpática. Veja bem, eu não disse que é necessário ser ateu para ser marxista. O que não falta nesse mundo é gente biruta. Misturar marxismo com religião não é novidade alguma. O senhor deve conhecer a extinta Teologia da Libertação, eu suponho. O que eu disse, ironicamente, é que no mundo dos intelectuais só são aceitos ateus. Por favor, meu caro leitor, não me faça voltar ao assunto Marx - cachorro morto. Assumi um compromisso no final do meu post, o senhor dever ter visto. Obrigado por prestigiar meu blog com seus comentários.
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