segunda-feira, 29 de novembro de 2010

GUERRA NO RIO, QUAL A SOLUÇÃO?

Detesto droga. Quando eu era jovenzinho, até tinha uma visão romântica e por que não dizer babaca desse assunto. Eu fazia coro ao Cazuza: “meus heróis morreram de overdose”. Mas a gente cresce, vira adulto e fica careta. Hoje, quando ando pelo centro de São Paulo e sou abordado por maltrapilhos me pedindo trocados, penso: isso é droga.
Mas apesar de abominar todo tipo de droga, lícitas ou ilícitas, sou a favor da completa descriminalização do uso, venda, produção etc. Por uma razão muito simples. Sou um libertário e acho que as pessoas devem ter o direito de escolher o que fazer com suas vidas.
Enveredar pelo mundo das drogas é uma das piores escolhas que uma pessoa pode fazer. Mas ainda assim, entendo que nenhuma pessoa, ou governo tem o direito de decidir isso em nome de todos. Essa é uma escolha que cabe a cada um.
Muita gente entende que droga está relacionada à violência. Isso não é verdade. A repressão ao comércio ilegal de drogas é que gera violência. Quanto mais se reprime, mais a droga fica escassa e, por conseguinte, valiosa. O comércio de droga é altamente lucrativo justamente porque é ilegal. Esse lucro torna os grandes traficantes ricos, poderosos e modelos de sucesso em comunidades pobres, onde as pessoas têm pouquíssimas  oportunidades de ascensão social. O mundo do tráfico seduz jovens incautos e muitos pagam com suas vidas por essa escolha.

O mundo do tráfico seduz jovens incautos e muitos pagam com suas vidas por essa escolha.
Se o governo não reprimisse a produção e o tráfico, as drogas ficariam mais baratas. Seus produtores e vendedores não teriam recursos para comprar armas de guerra para combater a polícia e nem teriam mais razão para isso. Por outro lado, com a liberação, as drogas ficariam mais baratas e acessíveis. Resumindo, o consumo aumentaria, mas a violência diminuiria. Acho uma troca justa: entre mais gente usando drogas ou mais violência, eu fico com o primeiro.

A repressão ao comércio ilegal de drogas gera violência.
Não são apenas traficantes que morrem nessa guerra. Muita gente inocente também tem suas vidas ceifadas. Nesse confronto entre policiais e bandidos que houve - ou está havendo - no Rio, uma adolescente de 14 anos morreu, dentro de sua própria casa, atingida por uma bala. Um garoto de oito anos levou um tiro na perna por desrespeitar as ordens de um traficante. Esses são apenas dois casos entre vários de pessoas inocentes que morrem ou são feridas porque o governo entende que tem o direito de dizer a pessoas adultas como devem levar suas vidas.
Leis que proíbem a produção e comércio de drogas podem ter sido elaboradas por pessoas bem intencionadas, mas todos nós já ouvimos falar de um lugar repleto de boas intenções. O resultado concreto dessas leis está aí, basta ligar a TV ou abrir um jornal e você verá.

Diogo Costa defende a legalização das drogas:

domingo, 28 de novembro de 2010

CANCELEI MINHA ASSINATURA DA FOLHA, AGORA EU SÓ LEIO CLOACA NEWS

Atenção, gente, o assunto é sério. Estou chocado com o que acabei de descobrir. Vocês todos já ouviram falar do mensalão, do valereoduto, da quebra do sigilo bancário de um tal caseiro e até de uma famosa dança da pizza. Pois bem, pessoal, a história é a seguinte, acabei de descobrir que nada disso existiu de verdade. Todos esses escândalos foram produzidos pela grande mídia golpista que domina o Brasil.
Existe uma conspiração contra o atual governo. A elite brasileira nunca aceitou que um operário, nordestino e sem estudo fosse o presidente do Brasil. Esses direitistas, neoliberais não aceitam todo o avanço econômico e social que o país está tendo. A elite que sempre dominou esse país é contra o Bolsa Família e a melhoria de vida das pessoas mais pobres. Eles querem que os pobres continuem pobres e ignorantes para poderem ser manipulados.
Todos os grandes veículos de comunicação de massa desse país estão infestados por essa máfia golpista. Estou me referindo aqui aos grandes jornais: Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo, etc. Também as redes de TV e rádio, praticamente toda grande mídia está dominada. Não podemos confiar em ninguém.
Eu já cancelei minha assinatura da Folha e recomendo a vocês que assinam qualquer jornal, qualquer um que seja, que façam o mesmo. Não podemos nos deixar levar pelas mentiras que eles veiculam. Felizmente o governo Lula está tomando medidas para controlar os meios de comunicação. Eu acho que o presidente deveria mesmo era fechar todos esses jornalecos e acabar com os noticiários de rádio e TV. Isso os impediria de continuar mentindo e difamando o governo.
Por enquanto, a única forma de nos manter informados é através de blogueiros progressistas. Eu não sei direito o que significa essa palavra “progressista”, mas isso não importa. Eu recomendo a vocês um blog seríssimo, chamado Cloaca News, as Últimas do Jornalismo de Esgoto. Eu não sei quem é o responsável, ele usa o pseudônimo de Zé Cloaca, mas parece que é um cara do bem, um progressista. Segue abaixo o link do blog.
Pois é, gente. Falando sério agora. Tem muita gente por aí que acredita nesse discurso, gente que em vez de pensar com a cabeça, pensa com a cloaca. Pasmem: o Cloaca News tem mais de quatro mil seguidores no Twitter.
Bem, como dizia um antigo amigo: a única saída para o Brasil é pelo aeroporto. Depois de levar essa cloacada na cabeça, começo a acreditar nisso. Acho que esse país não tem mais jeito, vou arrumar minhas malas, vou me mudar para um país com mais possibilidades de desenvolvimento. Vou para o Afeganistão, tchau para vocês, fui.

A dança da pizza - vale a pena ver de novo:

DOIS NOVOS VÍDEOS SENSACIONAIS

A Filosofia da Liberdade:



The Soviet Story:

domingo, 21 de novembro de 2010

GOVERNO E PARTIDO


Comecei a escrever esse blog em setembro deste ano, quando ocorreu o escândalo da quebra de sigilos da Receita Federal. Eu imaginei, à época, que o fato iria produzir um belo estrago na campanha da então candidata à presidência Dilma Rousseff. Para meu espanto, nada aconteceu. A primeira pesquisa de intenção de voto feita após o episódio mostrou que Dilma permanecia em primeiro lugar na preferência do eleitorado com cristalizados 50% dos votos. Fiquei estarrecido, não podia acreditar no que estava acontecendo. Violar sigilo fiscal para fins de campanha eleitoral é um expediente gravíssimo. Como o eleitor podia permanecer alheio a isso? Senti naquele momento necessidade de expressar minha indignação.

A candidatura Dilma somente iria sofrer um revés quando veio à tona um segundo escândalo: o tráfico de influência na Casa Civil perpetrado pela então ministra  Erenice Guerra e sua trupe. Muitos analistas concluíram que o caso Erenice provocou o segundo turno na eleição presidencial.


Dilma Rousseff e Erenice Guerra: muitos analistas acreditam que o tráfico de influência na Casa Civil provocou o segundo turno na eleição presidencial.

 Particularmente, achei o primeiro episódio mais grave que o segundo. Mas por que o escândalo na Receita não produziu resultado algum enquanto o caso Erenice retardou a vitória de Dilma? Muito provavelmente porque a maioria dos brasileiros não entende o que significa aparelhamento da máquina administrativa e menos ainda o estrago que isso pode produzir.

Muito bem, tudo isso é passado. Todavia, um fato recente me fez refletir mais uma vez sobre esse assunto. No dia 17 deste mês, o jornal Folha de São Paulo publicou um artigo intitulado “Novo padrão de mudança social”, de autoria do economista Márcio Pochmann, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Ao ler o artigo, novamente fiquei estarrecido. Os acontecimentos políticos no Brasil têm uma infinita capacidade de me surpreender. Aquilo não era o texto de um pesquisador sério, pautado na neutralidade ideológica. Era simplesmente uma propaganda escancarada a favor da administração petista. Não sou contra que um partido político faça propaganda, desde que com seus próprios recursos. O que não pode é o presidente do mais prestigioso centro de pesquisa econômica do país se prestar a tal serviço. Isso é um deboche.

Se você tiver interesse em ler o referido artigo na íntegra, basta clicar no SITE OFICIAL DA LIDERANÇA DO PT. É isso mesmo que você leu. O texto do presidente do Ipea está no site oficial de um partido político.

Pessoas bem informadas sabem que o PT de ontem era o partido do contra. Um ajuntamento de radicais xiitas que acreditava que o socialismo era o modelo econômico ideal para o Brasil. Se fosse feita a vontade do PT, hoje o Brasil teria um padrão de desenvolvimento econômico semelhante a Cuba. Lula era chamado de sapo barbudo e todos o viam como um radical feroz que iria dar calote na dívida externa, estatizar empresas multinacionais e promover uma reforma agrária na marra.

Os parlamentares petistas desse período votaram contra tudo que contribuiu para o desenvolvimento político e econômico deste país. Entre outras coisas, o PT votou contra a Constituição Federal de 1988, o Plano Real (1994), o Sistema de Metas de Inflação (1999) e a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000). Só para citar alguns casos. Concluímos, portanto, que, se o “país está dando certo”, como foi dito várias vezes na campanha eleitoral, isso acontece apesar do PT e não por causa dele.




O PT era o partido do contra, parlamentares petistas votaram contra tudo que contribuiu para o desenvolvimento político e econômico deste país.

Todavia Pochmann distorce a realidade e argumenta que com Lula o país atingiu um “novo padrão de mudança social”. Se essa bobagem toda tivesse sido escrita por um economista do PT, sem problema. O partido estaria pagando alguém para fazer propaganda. Mas não é o caso. Essa demagogia parte do presidente do Ipea. Afinal de contas, para quem trabalha o Sr. Pochmann? Quem paga o seu salário? O governo ou o partido? Quando servidores públicos passam a servir a um partido político em vez da nação, chamamos isso de aparelhamento ideológico da máquina administrativa. E é isso que está ocorrendo no Ipea, na Receita Federal e em diversas outras instituições públicas.


Márcio Pochmann: para quem ele trabalha? Para o governo ou para o partido?

Convém lembrar que, em novembro de 2007, Márcio Pochmann afastou do Ipea quatro renomados pesquisadores, simplesmente por não terem um pensamento alinhado ao do governo. Os quatro pesquisadores afastados foram: Fabio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis Bonelli. Dois desses pesquisadores estavam no Ipea há 40 anos e nem mesmo durante a ditadura militar sofreram tal censura. Ou seja, além de garoto propaganda do PT, o Sr. Pochmann se presta também ao papel de oficial da Gestapo, quando necessário.

Concluindo. Quando terminei de ler o referido artigo, imediatamente escrevi uma nota para o Jornal Folha de São Paulo, que foi publicada no dia 19 de novembro. Segue abaixo o texto:


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Novo padrão de mudança social


No artigo "Novo padrão de mudança social" ("Tendências/ Debates", 17/11), o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, argumenta que o Brasil conviveu nas últimas décadas com três padrões diferentes de mudança social: o primeiro entre 1960 e 1970, o segundo entre 1981 e 2003 e o terceiro de meados da década de 2000 até agora.

Não é necessário ser economista para perceber que o artigo é uma simples propaganda política do atual governo. Pochmann dá um tom técnico e apresenta uma série de números para sustentar a tese demagógica de que este é o "país que está dando certo", em oposição ao "país que deu errado". Ou ainda repisar o desgastado discurso de que "nunca antes na história deste país...".

Pessoas bem informadas sabem que as mudanças ocorridas aqui ao longo das últimas décadas não podem ser simplificadas dessa maneira. O presidente Lula não é o responsável por tudo que acontece de positivo no país.

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IVAN DAUCHAS (São Paulo, SP) Jornal Folha de São Paulo. PAINEL DO LEITOR. São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010.

Pois então, meu caro leitor, vamos ficar atentos. Esse aparelhamento ideológico é mais grave do que a maioria das pessoas imagina. No passado, o PT talvez fosse uma ameaça à estabilidade econômica, hoje não é mais. Há muito, o partido lançou à lata do lixo seu ideário socialista. Hoje o PT é uma ameaça às instituições do país. Lula e seus aliados são de um pragmatismo extremo. Tudo que é bom para o partido é valido, porque também é bom para o país. Prevalece entre petistas a máxima maquiavélica: “os fins justificam os meios”. Se para fortalecer o partido é necessário corromper as instituições públicas, que assim seja.

 

sábado, 13 de novembro de 2010

POBREZA, DESIGUALDE E SERVIDÃO


O Brasil tem um problema gravíssimo de distribuição de renda. De acordo com o índice de Gini, nosso país está entre os mais desiguais do mundo, ficando atrás apenas de alguns poucos países muito pobres da África e América Latina. Quando um país tem uma renda per capita não muito alta e uma elevadíssima desigualdade, qual será o resultado? Um grande número de pessoas pobres. Essa é a situação do Brasil.

A pobreza é indesejável porque é injusta, economicamente ineficiente e politicamente temerária. É injusto que uma pessoa não tenha condições para custear minimamente sua alimentação, moradia, serviços de saúde e estudo. Quando uma pessoa é privada de suas necessidades elementares, não pode se desenvolver plenamente. A pobreza faz com que os recursos humanos de uma nação sejam desperdiçados, logo gera ineficiência econômica. Além disso, a pobreza gera instabilidade social, pois quanto maior a desigualdade, maior tende a ser a violência e a criminalidade. Finalmente, pessoas muito pobres, com baixa instrução, são normalmente pouco informadas e mais facilmente manipuláveis por maus representantes políticos.


A pobreza é indesejável porque é injusta, economicamente ineficiente e politicamente temerária.

A situação social no Brasil é grave, mas tem melhorado. Um dos fatores que tem contribuído para melhorar o quadro social no Brasil são as políticas de complementação de renda, que recentemente foram unificadas em um só programa, batizado pelo governo de Bolsa Família. Esse programa tem aspectos positivos e negativos. Por incrível que possa parecer, a matriz teórica desse programa está contida nas idéias de um dos papas do neoliberalismo, o economista norte-americano Milton Friedman. Em seu livro, Capitalismo e Liberdade, Friedman discute a questão da desigualdade de renda e riqueza no capitalismo. Friedman argumenta que para ele - ferrenho defensor do liberalismo - é difícil encontrar argumentos éticos favoráveis a uma redistribuição da renda. Todavia, se essa política for implementada, que ela funcione como uma espécie de imposto de renda negativo. Ou seja, pessoas muitos pobres, em vez de pagar imposto de renda, recebem um subsídio do governo. Quanto menor a renda, maior a transferência que a pessoa terá direito. Segundo o autor, essa política respeita o direito de escolha do consumidor. Em vez de o governo oferecer bens ou serviços gratuitamente, é melhor que a pessoa receba uma ajuda em espécie e escolha livremente qual a melhor forma de alocar esse recurso.


Milton Friedman: por incrível que pareça, a matriz teórica do Bolsa Família está contida nas idéias de um dos papas do neoliberalismo.

Esse é o primeiro aspecto positivo dos programas de complementação de renda. Ao conceder uma ajuda em espécie, o governo respeita a soberania do consumidor. Ninguém melhor que o próprio consumidor sabe quais suas reais necessidades. Para ilustrar essa situação, imaginemos um caso bem simples, porém esclarecedor. Suponha que o governo ajude famílias pobres distribuindo cupons de alimentação que as pessoas trocam por comida em supermercados. Suponhamos agora uma pessoa muito pobre e sem dentes. Tão importante quanto os alimentos para essa pessoa, seria uma dentadura. Nesse caso, uma ajuda em dinheiro é mais eficiente que um cupom de alimentação. Quando o governo dá dinheiro no lugar de cupons, permite que a pessoa escolha a melhor maneira de alocar sua renda.

O segundo aspecto positivo dos programas de complementação de renda está na focalização. Esses programas são eficientes porque não são universais (oferecidos a todos), eles estão focados nos mais pobres. Por exemplo, suponhamos que, em vez de complementar renda, o governo escolha subsidiar a produção de alguns alimentos, tornando-os mais baratos. Essa política é menos eficiente porque é universal. Tanto pobres como ricos seriam favorecidos pelos preços mais baixos dos alimentos.
Todavia temos de ficar atentos para os aspectos negativos. No meu entendimento, esses programas somente são aceitáveis por um determinado período de tempo. É injusto e moralmente perigoso que uma parcela da população dependa de assistência pública para sobreviver. Eu diria até que isso é uma afronta à dignidade humana. O Bolsa Família é bom, tem contribuído para reduzir a pobreza no Brasil, mas esse programa tem de ter uma porta de saída. Não é bom que algumas pessoas incorporem uma cultura do assistencialismo e passem a achar que têm o direito de serem sustentadas pelo governo. Um governo paternalista que trata cidadãos como criancinhas é moralmente perigoso, corre-se o risco de se estabelecer uma promiscua relação de dependência entre as camadas mais pobres da população e o governo. Os beneficiários podem se tornar lenitivos com tudo que o governo venha a fazer, desde que o programa seja mantido. De forma bem clara, os beneficiários do programa não se importarão se o governo é corrupto, aparelha a máquina estatal, censura a imprensa ou comete outros tantos desvios morais. Tudo isso é permitido desde que o auxilio seja mantido. Quando as coisas chegam a esse patamar, cria-se um forte estímulo à degeneração política.
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O Bolsa Família é bom, tem contribuído para reduzir a pobreza no Brasil, mas esse programa tem de ter uma porta de saída.

Minha posição é de que o Bolsa Família é um bom instrumento de combate à pobreza, mas que pode se transformar em algo perigoso no longo prazo. O quadro de pobreza que vigora no Brasil é imoral, indigno, obsceno, mas temos que entender que renda e riqueza são resultado do jogo econômico. Algumas pessoas são mais esforçadas que outras, portanto não é justo redistribuir renda, o correto é redistribuir oportunidades. A melhor maneira de lidar com essa questão é focar na origem primordial do problema. Existe tanta pobreza no Brasil porque as pessoas que participam do jogo partem de situações extremamente desiguais. A melhor política de combate à pobreza está no investimento em educação. Se todos os brasileiros tivessem acesso a uma educação de qualidade, a desigualdade se reduziria naturalmente, sem atropelos morais. Pessoas com mais educação também tendem a compreender melhor a política e a aceitar menos os desvios éticos do governo. A solução, portanto, está na educação. Qualquer governo que não dê a devida atenção a esse problema e insista em políticas assistencialistas deve ser visto com cautela.



sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A TESE DO ESTADO MÍNIMO ESTÁ FALIDA?


Com a escolha de Dilma Rousseff para ocupar o cargo mais importante do poder executivo, temos de ficar vigilantes. Não me refiro aqui a fazer uma oposição estilo quanto pior melhor, mas uma oposição responsável que denuncie a inépcia e os desvios morais do próximo governo. Em especial temos de ficar atentos a um modelo de capitalismo sindical-burocrático-industrial criado por Lula e que deve ganhar força no governo da nova presidente.

Durante a crise de 2008-2009, Dilma disse que a tese do Estado Mínimo estava superada. Gostaria de saber com base em qual estudo, pesquisa ou teoria ela teceu esse infeliz comentário. Logicamente, que muito ainda tem de ser discutido sobre a regulamentação do setor financeiro global. De fato, se for dada plena liberdade aos mercados financeiros, novas crises hão de surgir. Algum tipo de regulação é fundamental, mas isso não pode servir de pretexto para que a política econômica seja submetida a um keynesianismo vulgar, que asfixie o setor produtivo com impostos e crie uma classe de pessoas ociosas, dependentes de programas assistencialistas. Esse modelo de capitalismo foi experimentado na Europa e EUA após a Segunda Guerra Mundial, produziu estagnação econômica generalizada e faliu. Esse Capitalismo de Estado (ou "Estado Máximo") foi um grande fiasco. Foram necessárias medidas de cunho liberal para dinamizar essas economias combalidas.


Se for dada plena liberdade aos mercados financeiros, novas crises hão de surgir. Algum tipo de regulação é fundamental, mas isso não significa que a tese do Estado Mínimo esteja falida.

Uma sociedade dividida entre pessoas que trabalham e parasitas estatais não é algo bom, justo ou eficiente. Mas retomando o ponto inicial, por que petistas criticam o Estado Mínimo? Por que insistem nessa história de “fortalecer” (na verdade inchar) o Estado? A verdade é que quanto maior o Estado, maior o número de “caçadores de renda”, ou seja, agentes econômicos que obtêm renda através de atividades não produtivas: corrupção, propinas, empreguismo, lobbies, monopólios etc. O PT defende a tese do Estado “forte” porque este estado é um oceano onde poderão nadar de braçada. Quanto maior o tamanho do Estado, mais os caçadores de renda poderão agir.


 
Mafiosos: quaquer semelhança com caçadores de renda não é mera coincidência.

Os grupos dos caçadores de renda são muito bem organizados e se articulam muito bem para conquistar o poder. Cidadãos comuns acreditam na tese do estado forte porque são pouco instruídos, desinformados e manipulados. Nas eleições presidenciais, os petistas enfatizaram que o governo neoliberal de FHC privatizou, ou seja, vendeu a grupos estrangeiros o patrimônio nacional. Isso tudo é babaquice, mas funcionou bem como propaganda eleitoral. O Brasil somente ganhou com as privatizações. O governo brasileiro havia perdido sua capacidade de investir. Empresas brasileiras privatizadas cresceram, internacionalizaram-se, hoje geram muito mais empregos e pagam muito mais impostos.

Existe uma tensão entre democracia e eficiência e essa tensão é inversamente proporcional ao nível educacional dos eleitores. A Venezuela é um exemplo claro disso: um país rico em petróleo e paradoxalmente pobre. Temos de ficar vigilantes, o setor público brasileiro não pode ser usado para fins privados por um ajuntamento de malfeitores. O Brasil não pode se transformar em uma Venezuela. Lanço aqui uma proposta. Todos nós, brasileiros e brasileiras que acreditam que uma grande nação depende da livre iniciativa, do trabalho árduo e honesto, da responsabilidade individual, da liberdade de expressão, da ética na política e nos negócios e da democratização de oportunidades devemos nos unir para que o país não fique entregue a oportunistas e enganadores do povo. Criei uma comunidade no Orkut para que pessoas que compartilham desses valores se unam em prol de um Brasil mais digno. Meu objetivo é aglutinar forças e lutar por um país melhor para nós e sobretudo para as próximas gerações. O nome da comunidade é:

        
         MOVIMENTO LIBERAL BRASILEIRO



Se você acredita nesses valores, junte-se a nós.

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=107994040

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

VITÓRIA DE DILMA ROUSSEFF: A DEMOCRACIA FALHOU


Domingo, dia 31 de outubro, os brasileiros foram às urnas e escolheram Dilma Rousseff a nova presidente do Brasil. As eleições ocorreram de forma pacífica, limpa e transparente. Muitos podem supor que tivemos uma vitória da democracia no país. Eu não concordo, essas eleições serviram apenas para reforçar algo que muitos já sabem: a democracia tende a falhar. Não estou aqui defendendo o autoritarismo. Apesar de falha, a democracia ainda é o melhor sistema de governo que inventaram, ou, como disse Winston Churchill, "a democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos".


Winston Churchill: "a democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos".

Por que a democracia falha? Isso é fácil de entender. Em uma democracia, todos têm direito ao voto. Isso parece muito justo, porém a maioria das pessoas não tem interesse por política ou economia. Pessoas votam muito mais por interesses pessoais que por ideologia. Além disso, o voto de uma pessoa desinteressada, desinformada ou analfabeta vale o mesmo que o que uma pessoa que se esforça para entender o mundo que a cerca. Qual o resultado final? Políticos são eleitos pelo voto de cidadãos desinformados e manipulados.

A vitória de Dilma Rousseff mostrou que a democracia é falha porque os eleitores foram, em sua grande maioria, enganados. As pessoas votaram na candidata do PT porque acreditaram que ela representa a continuidade de um projeto que está dando certo para o país. A economia no período Lula cresceu em média 4% ao ano, 32 milhões de brasileiros saíram da pobreza e 15 milhões de empregos foram criados. Isso tudo está correto, porém a propaganda partidária enfatizou que houve uma ruptura com o modelo anterior, que era privatista e neoliberal. Isso não é verdade. Em termos estritamente econômicos, a gestão petista representa uma continuidade e não uma ruptura com a ortodoxia do tucano Fernando Henrique Cardoso.


A vitória de Dilma Rousseff mostrou que a democracia é falha porque os eleitores foram, em sua grande maioria, enganados.

O Brasil de Lula teve um bom desempenho econômico porque o governo anterior criou as bases para isso. Estou me referindo ao Plano Real, ao sistema de metas de inflação, ao câmbio flutuante e à Lei de Responsabilidade Fiscal. As privatizações, que os petistas usaram como propaganda eleitoreira contra o candidato José Serra, tiveram um papel importante para o crescimento econômico do governo Lula.  Os casos da CSN, da Vale do Rio Doce e das telecomunicações são exemplos de êxito nas privatizações. O Brasil de Lula cresce e gera empregos por conta de investimentos privados e não públicos do PAC, como pensam alguns eleitores. Além da estabilidade macroeconômica e das privatizações, Lula teve a sorte de governar o país com o vento soprando a favor. Durante o seu governo, até ocorrer a crise de 2008, houve uma forte expansão da economia mundial. Esse crescimento provocou um aumento na demanda por matérias primas, favorecendo as exportações brasileiras.

Resumindo, o crescimento econômico no governo Lula foi fruto de uma convergência de fatores que não dependeram da vontade, do empenho ou da engenhosidade do presidente. Não existe essa história de “o nosso modelo” e “o modelo deles”. Não existe “o caminho que Lula ensinou”. A campanha petista foi de uma indignidade obscena, porque foi toda ela erigida sobre uma falácia. Se tudo isso não bastasse, o eleitor deu pouca importância a fatos gravíssimos ocorridos durante a gestão petista: corrupção escandalosa, aparelhamento da máquina administrativa, uso de instituições públicas para fins partidários e escalada autoritária. O Brasil está experimentando pela primeira vez um governo de esquerda. E a esquerda brasileira tem se mostrado igual à do resto do mundo: corrupta, enganadora e autoritária. Mas a maioria do eleitorado não se deu conta disso. A democracia falhou.